O aleitamento materno é uma forma de aconchego e carinho, sendo considerado uma prioridade no desenvolvimento saudável da criança. Além de fortalecer o vínculo afetivo entre mãe, bebê e família, previne várias doenças, a curto e longo prazos e é uma fonte de segurança e proteção para a criança.
A amamentação é uma estratégia natural, disponível e se constitui em uma intervenção eficaz na diminuição da dor durante a vacinação e outros procedimentos dolorosos na criança. E ela pode ser facilmente adotada pelos prestadores de cuidados de saúde e mães nas salas de vacinação das unidades básicas de saúde do SUS e, mesmo, no setor privado, em todo o Brasil.
Como podemos reduzir a dor nos procedimentos dolorosos em crianças?
Uma das causas alegadas pelas mães e familiares para não estarem com a vacinação das crianças em dia é o fato de ser injetável e ser um procedimento doloroso. E o mesmo acontece em diversos procedimentos.
Nesse sentido, trabalhos mostram que o leite materno contém endorfina, substância química que ajuda a suprimir a dor, isto porque ele contém uma maior concentração de triptofano, precursor da melatonina, que serve para aumentar a concentração de beta endorfinas, que parecem ter um efeito na redução da dor. Lembrar que a amamentação nutre o bebê, através da sucção nutritiva, mas também fornece uma satisfação neural, pelo ato de sugar, com sensação de relaxamento e prazer (sucção não nutritiva).
A OMS (2015) recomenda esta estratégia e destaca que a amamentação engloba três componentes confortáveis e analgésicos para as crianças: o paladar, a sucção e o contato pele-a-pele e recomenda que o recém-nascido ou lactente seja colocado ao seio antes e durante o procedimento, mantendo-o durante alguns minutos após o final. Amamentar na hora da vacina ou logo após a vacinação, ajuda o bebê a superar a dor, além de lhe oferecer o conforto necessário.
Baseando-se em evidências científicas a OMS publicou um o documento “Redução da dor causada pela vacinação”, com medidas gerais e recomenda que sejam incorporadas aos programas nacionais de imunização aplicáveis a todos os países.
No contexto dos serviços de saúde, sejam eles da atenção hospitalar ou da atenção primária, os profissionais de enfermagem devem usar a evidência científica para incentivar as mães lactantes a utilizarem a amamentação na redução da dor produzida por procedimentos e pela vacinação. Algumas desvantagens ou dificuldades podem ser relatadas como o tempo necessário para que a criança faça a pega da mamada e a possibilidade de que a equipe ou a mãe se sinta desconfortável por ver a criança sendo vacinada durante a amamentação. Esses embaraços, porém, devem ser superados em benefícios dos bebês.
A importância da vacinação
A vacinação das crianças é uma intervenção estratégica para a redução da morbimortalidade infantil e contribuiu, juntamente com as ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, para que alcançássemos o Objetivo 4 do Milênio e Objetivo 4 do Desenvolvimento Sustentável de redução da mortalidade infantil no período de 1970 a 2015 (OMS).
A imunização é de suma importância para a prevenção e erradicação das doenças infecciosas evitáveis e como a cobertura vacinal em nosso país vem caindo, é preciso investirmos mais na retomada desta estratégia vital para saúde, não só de nossas crianças mas para toda a população. No contexto da pandemia da COVID 19, o fluxo de assistência às crianças nas unidades básicas de saúde e a vacinação foram impactadas e é preciso retomar este cuidado. As unidades estão preparadas, com higienização adequada, uso de máscaras e distanciamento social e o calendário vacinal precisa estar atualizado.
A mesma estratégia é válida para o teste do pezinho
A Triagem neonatal de matriz biológica, mais conhecida como Teste do Pezinho, é um procedimento capaz de identificar diversas doenças, de forma precoce. O exame é obrigatório e deve ser realizado em todos os recém-nascidos, preferencialmente entre o 3º e o 5º dia de vida do bebê. Geralmente é colhido na Atenção Básica e o procedimento é realizado por meio da coleta de algumas gotas de sangue do calcanhar da criança, através de punção, com lanceta específica, colocadas em papel filtro especial. A amamentação do bebê durante este procedimento doloroso promove alívio e conforto e deve ser também adotado pelas equipes e famílias, sempre que possível.
Passo a passo para a equipe de enfermagem no manejo da dor na vacinação através da amamentação:
1) Informar a mãe sobre os benefícios do alívio da dor através da amamentação.
2) Ajudar a mãe no manejo da pega e posição na mamada, deixando o bebê sugar ao seio materno 5 minutos antes do procedimento.
3) Deixar o bebê sugar no seio da mãe em seu colo durante todo o procedimento.
4) Manter o bebê no seio da mãe por mais de 5 minutos após, até ficar tranquilo.
O objetivo das Áreas Técnicas de Saúde das Crianças e de Aleitamento Materno da SAPS/SES-RJ é que estas recomendações se tornem viáveis, especialmente durante a administração de injetáveis. É importante divulgar estas orientações para que mães e profissionais de saúde aceitem esse procedimento como importante e natural e que seja uma conduta adotada e promovida nas unidades básicas de saúde e clínicas de imunização, qualificando a atenção e cuidado às crianças e suas famílias.
Grupo Técnico Interinstitucional de Aleitamento Materno – GTIAM
Área Técnica de Aleitamento Materno - ATAM
Área Técnica de Saúde das Crianças